
Descobri que não é uma tarefa fácil morrer, quando não se deseja viver mais. A gente ouve falar, a toda hora, na TV, no jornal, através da fofoca das pessoas que adoram desgraça, sobre gente levando tiros, facadas, sendo queimadas, despedaçadas e sei lá o que mais de horripilante... Será que essa gente queria morrer? Provavelmente, não.
Vivemos uma gerra civil no nosso emergente país (sic), mas as aparências, ah, as aparências enganam muito, meu amigo!
Gente condenada a todo minuto por nefandas doenças incuráveis... Será que Nosso Criador perguntou a eles se desejam partir do planeta, assim, de improviso?
Perguntas, perguntas...
Só prá refletir, neste fim de tarde frio (odeio o inverno!). Nada realmente importante me espera esta noite, ou amanhã, ou na próxima semana, mês, ano... Dias e noites sempre iguais, como um eterno domingo...
Não fica bem a gente desejar cerrar os olhos e nunca mais abri-los. Mas não sei bem por que.
Na verdade, tenho que sobreviver como a pedra, encravada no mar nervoso, forte e agitado, sobreviver às intempéries, ao desgaste da água e do sal, do sol e do tempo, sempre ali, firme rochedo.
Mas as marcas, ah! Estas estão bem alí, na superfície, para quem quiser ver e no âmago do pobre mineral, invisíveis, invencíveis...
"Vivre sa vie!". Sinto que vou continuar, por tanto tempo, que não sei o que fazer com tanta vida!
Minhas dores, tristezas, temores, saudades, são o fardo que me toca.
E já basta!
*Citação de Luiz Gonzaga Filho, de parte de sua canção "Sangrando"